Resenha: Na Companhia das Estrelas

Autor(a): Peter Heller
Editora: Novo Conceito
Número de páginas: 408
Avaliação: ☆ ☆ ☆ 


Às vezes, um bom coração é tudo de que um homem precisa.


Em um mundo devastado pela doença, Hig conseguiu escapar à gripe que matou todo mundo que ele conhecia. Sua esposa e seus amigos estão mortos, e ele sobrevive no hangar de um pequeno aeroporto abandonado com seu cachorro, Jasper, e um único vizinho, que odeia a humanidade, ou o que restou dela.Mas Hig não perde as esperanças. Enquanto sobrevoa a cidade em um avião dos anos 1950, ele sonha com a vida que poderia ter vivido não fosse pela fatalidade que dizimou todos que amava. Hig é um guerreiro sonhador. E tem uma imensa vontade de gente, apesar da desilusão que se abateu sobre ele. Por isso é capaz de arriscar todo seu futuro quando, um dia, o rádio de seu avião capta uma mensagem...
Voe com Hig e Jasper e se encante ao descobrir que um mundo melhor pode estar em cada um de nós.


Minha Opinião:

  Na Companhia das Estrelas somos apresentados a um mundo pós-apocalíptico. O mundo foi tomado por uma grande epidemia, praticamente todos morreram e os pouquíssimos que sobraram estão morrendo, exceto aqueles que milagrosamente não contraíram a doença. Hig junto com seu vizinho Bangley esta no meio desde “milagre”.
   Hig é um cara bondoso que viu seu mundo desabar, perdeu a mulher gravida para a gripe assassina, a única coisa que lhe restou como família foi seu cão Jasper. Além de Jasper como companhia ele tem Bangley, o senhor durão que mata tudo sem pensar duas vezes. Esta aliança parece funcionar para ambos, mas no fundo Hig teme um dia que Bangley possa querer descartá-lo.
   Já são nove anos vivendo esta vida. Onde tudo se consiste em plantar, colher, caçar, e vigiar. Imagine um mundo onde tudo que era considerado normal deixe de existir; supermercados, combustível, comunicação. Eles vivem em uma espécie de aeroporto, e às vezes aparecem “visitantes” querendo roubar o que resta, a solução é matar todos! São ossos humanos jogados ao relento, pois a carne vira comida de cachorro. Argh... Jasper já não é mais um cachorro jovem, afinal ele foi adotado na época do casamente de Hig, há mais de nove anos atrás. É um cachorro idoso, mas que ainda faz companhia para seu dono, e é um cão carinhoso, especial.



''Nove anos é tempo demais.
Para viver com as loucuras de Bangley.
Para me lembrar do hospital designado para a gripe e.
Para sentir saudades da minha mulher depois.
Para pensar em pescar e não ir. 
Outras coisas.''


'' É isso o que faço, é o que tenho feito: tiro a pele das aneas, braços, peito, nádegas, panturrilhas. Corto fatias finas, coloco em salmoura e seco-as para Jasper, para os dias seguintes.''
    O livro é contado em primeira-pessoa por Hig, são lembranças, divagações sobre o passado e presente, e claro, sobre o que o futuro reserva isto se houver futuro. Logo vemos que há poucos diálogos, mas a maneira que o protagonista analisa tudo é interessante. A maneira que ele finaliza uma frase, sem exatamente finalizá-la é diferente. E sua narrativa por vezes torna-se poética.
   Não é um livro de leitura rápida, é um livro mais denso. A história inicia-se de forma lenta e vai seguindo neste ritmo. Possui começo, meio e fim. Na metade do livro foi impossível não se emocionar, chorei sem dó. E logo depois a história dá uma reviravolta incrível, e neste momento fiquei mais ávida por continuar a história, e descobrir como tudo terminaria. Ao analisar o enredo percebemos que tudo não é inimaginável. É uma situação que poderia sim acontecer, conosco, nossos filhos ou netos.
   A edição da editora esta muito bonita, possui letras em bom tamanho e páginas amareladas. E a capa é metalizada, imitando um céu noturno, as constelações. Muito bonito. O livro possui uma peculiaridade; as falas não possuem travessão – nada que indique que seja uma fala, isto por vezes me deixou confusa. Não sei se foi uma opção do autor ou da editora, mas creio que seja do autor. Mas não me agradou.
   Indico para aqueles que procuram uma história mais adulta, diferente. Com grandes analises sobre o que é realmente importante. E o que você seria capaz de fazer para sobreviver?

“Apenas uma volta. Uma volta da roda e estamos diferentes, nunca os mesmos. Jamais. Nem mesmo essas estrelas. Até elas decaem, desintegram-se, aglutinam-se, separam-se. Fecho os olhos. É o que está por dentro. O que está por dentro se movimentando, nadando em dor como um peixe cego nadando eternamente. O que sobrevive é o que permanece. Renova-se, renova o amor e a dor. O amor é o fundo do rio e a dor o preenche. Enche o rio de lágrimas todos os dias”

Comentários
9 Comentários

9 comentários:

  1. Pela capa eu tinha certeza que seria um drama, ou alguma coisa do tipo, não que não seja, mas eu nunca imaginei que seria um mundo pós apocalipse, UHAUAHUAHU adorei a resenha!!

    Michelle Boyd
    The Little Things

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  2. Eu gostei muito da capa e da sinopse, depois de ler sua resenha, fiquei com mais vontade ainda de lê-lo! Me lembrou muito Eu sou a Lenda, e eu adoro esse filme (não li o livro :( )

    Bjo^^

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  3. Não sabia o que esperar dessa trama, mas a sua resenha me deixou curiosa.
    Parece uma boa leitura reflexiva, ;)

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  4. Achei muito interessante a temática do livro. Mas não gostei disso de não ter travessão nas falas, sou do tipo chatinha e isso me incomoda muito durante a leitura.

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  5. Histórias pós-apocalítipticas sempre são interessantes na minha opinião.
    Agora isso de colocar as falas sem travessão deve ser supeer chato, hein?
    =/

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  6. Já não tenho mais preconceito com esse tipo de fala, porque já li alguns livros que esse ponto não chegou a prejudicar. Quero muito ler esse livro, a história me interessou bastante, mas ele não é prioridade por agora, então veremos... Até mais, beijos!

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  7. Apesar da resenha, eu não me interessei muito pelo livro.... Não é o q eu geralmente leio...

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  8. Caramba deve mesmo ser confuso, como você sabe se vai ser um diálogo se não tem travessão?! Eles usaram as aspas não é? Para substituir o travessão!
    A capa deve mesmo ter ficado linda pessoalmente, essa ideia de imitar o céu de noite tbm é genial! Não tenho certeza se compraria o livro pra ler, se ganhasse em uma promoção quem sabe.

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    1. Olá Gabriela!
      Infelizmente não, eles não utilizaram nada para diferenciar as falas. O autor só utilizou : Fulano falou, Ciclano disse. Mas não foi sempre, e isso tornou ainda mais confuso. :/

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